quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Cultura Afro-brasileira

Evolução histórica

Inicialmente, todas manifestações você é um besta pq esse site ...é uma coisa ! culturais afro-brasileiras foram desprezadas, desestimuladas e perseguidas porque não eram parte do universo cultural europeu e porque eram produzidas por escravos e seus descendentes. Entretanto, a partir do século XX, as expressões culturais afro-brasileiras começaram a ser gradualmente aceitas, admiradas e celebradas pelas elites brasileiras como expressões artísticas genuinamente nacionais. Nem todas manifestações culturais foram aceitas ao mesmo tempo. O samba foi uma das primeiras expressões da cultura afro-brasileira a ser admirada quando ocupou posição de destaque na música popular.

Posteriormente, o governo da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas desenvolveu políticas de incentivo do nacionalismo nas quais a cultura afro-brasileira encontrou caminhos de aceitação oficial. Por exemplo, os desfiles de escolas de samba ganharam nesta época aprovação governamental através da União Geral das Escolas de Samba do Brasil fundada em 1934.

Outras expressões culturais seguiram o mesmo caminho. A capoeira, que era considerada forma de briga de bandidos e marginais, foi apresentada, em 1953, por mestre Bimba ao presidente Getúlio Vargas que então a chamou de "único esporte verdadeiramente nacional".

Durante a década de 1950, as perseguições às religiões afro-brasileiras diminuíram e a Umbanda passou a ser seguida pela classe média carioca[2]. Na década seguinte, as religiões afro-brasileiras passaram a ser celebradas pela elite intelectual branca.

Em 2003, foi promulgada a lei nº 10.639 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), passando-se a exigir que as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio incluam no currículo o ensino da história e cultura afro-brasileira.


Literatura

A literatura chamada afro-brasileira é uma parte da literatura brasileira que abrange também publicações de pesquisa de campo dos trabalhos de sociologia, antropologia, etnologia, música, linguística, botânica e outros.

Muitos escritores brasileiros como o advogado Edison Carneiro, o médico legista Nina Rodrigues, Jorge Amado, o poeta e escritor mineiro Antonio Olinto, o escritor e jornalista João Ubaldo, o antropólogo e museólogo Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o sociólogo francês Roger Bastide, o fotografo Pierre Verger, a pesquisadora etnóloga estadunidense Ruth Landes, o pintor argentino Carybé, dedicaram-se arduamente na busca e no levantamento de dados para contar esse lado da história do Brasil que ainda não tinha sido escrita em detalhes[3].

Alguns infiltraram-se nas religiões afro-brasileiras como é o caso de João do Rio para esse propósito, outros foram convidados a fazer parte do Candomblé como membros efetivos recebendo cargos honorificos como Obá de Xangô no Ilê Axé Opô Afonjá e Ogan na Casa Branca do Engenho Velho, Terreiro do Gantois, e ajudavam financeiramente a manter esses Terreiros.

Muitos sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a história das religiões afro-brasileiras e tiveram a ajuda de acadêmicos simpatizantes ou membros dos candomblés. Outros por já ter uma formação acadêmica tornaram-se escritores paralelamente à função de sacerdote como é caso dos antropólogos Júlio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima, as Iyalorixás Mãe Stella e Giselle Cossard também conhecida como Omindarewa a francesa, professor Agenor Miranda, a advogada Cléo Martins, o professor de sociologia Reginaldo Prandi, entre outros. Ver:Lista de escritores


Religião

Mãe Stella de Oxóssi com traje típico do Candomblé
Mãe Stella de Oxóssi com traje típico do Candomblé

Os escravos trazidos da África geralmente eram imediatamente batizados e obrigados a seguir o Catolicismo. A conversão era apenas superficial e as religiões de origem africana conseguiram permanecer, geralmente através de prática secreta.

Algumas Religiões Afro-Brasileiras ainda mantém quase que totalmente as suas raízes africanas, como é o caso do Candomblé e Xangô do Nordeste, outras formaram-se através do sincretismo religioso como o Batuque, Xambá e Umbanda.

Filhas-de-santo do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá na Bahia
Filhas-de-santo do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá na Bahia

Em maior ou menor grau, as Religiões Afro-Brasileiras mostram influências do Catolicismo e da encataria européia, assim como da pajelança ameríndia[4].

O sincretismo manifesta-se igualmente pela tradição de batizar os filhos e casar-se na Igreja Católica mesmo quando segue-se abertamente uma religião afro-brasileira.

No Brasil, a própria prática do Catolicismo tradicional tem influências africanas que se revelam no culto de santos de origem africana como São Benedito, Santo Elesbão, Santa Efigênia e Santo Antônio de Noto (Santo Antônio do Categeró ou Santo Antônio Etíope); no culto preferencial de santos facilmente associados com os orixás africanos como São Cosme e Damião (ibejis), São Jorge (Ogum no Rio de Janeiro), Santa Bárbara (Iansã); na criação de novos santos populares como a Escrava Anastácia; e em ladainhas, rezas e festas religiosas (como a lavagem das escadarias da igreja do Senhor do Bonfim em Salvador, Bahia).

As igrejas pentencostais do Brasil, que combatem as religiões de origem africana, na realidade têm várias influências destas como se nota em práticas como o batismo do Espírito Santo e crenças como a de incorporação de entidades espirituais (vistas como maléficas). Enquanto o Catolicismo nega e existência de orixás e guias, as igrejas pentencostais acreditam na sua existência, mas como formas de demônios.

Segundo o IBGE, 0,3% dos brasileiros declaram seguir religiões de origem africana, embora um número maior de pessoas sigam essas religiões de forma reservada.

Inicialmente desprezadas, as religiões afro-brasileira foram ou são praticadas abertamente por vários intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado, Dorival Caymmi, Vinícius de Moraes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia (que freqüentavam o terreiro de Mãe Menininha), Gal Costa (que foi iniciada para o Orixá Obaluaye), Mestre Didi (filho da iyalorixá Mãe Senhora), Antonio Risério, Caribé, Fernando Coelho, Gilberto Freyre e José Beniste (que foi iniciado no candomblé ketu).

Religiões afro-brasileiras

Arte

Tecelã do terreiro de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá, Salvador, Bahia
Tecelã do terreiro de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá, Salvador, Bahia

O Alaká africano, conhecido como pano da costa no Brasil é produzido por tecelãs do terreiro de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá em Salvador, no espaço chamado de Casa do Alaká[5].

Na pintura foram muitos os pintores e desenhistas que se dedicaram a mostrar a beleza do Candomblé, Umbanda e Batuque em suas telas. Um exemplo é o escultor e pintor argentino Carybé que dedicou boa parte de sua vida no Brasil esculpindo e pintando os Orixás e festas nos mínimos detalhes, suas esculturas podem ser vistas no Museu Afro-Brasileiro e tem alguns livros publicados do seu trabalho.



Culinária

A cozinha brasileira deriva em grande parte da cozinha africana, mesclada com elementos da cozinha indígena e portuguesa.

Na Bahia existem duas maneiras de se preparar os pratos "afros". Uma mais simples, sem muito tempero, que é feita nos terreiros de candomblé para serem oferecidos aos Orixás, e a outra, fora dos terreiros, onde as comidas são preparadas e vendidas pela baiana do acarajé, nos restaurantes, e nas residências, que são mais carregadas no tempero e mais saborosas. A culinária baiana é a que mais demonstra a influência africana nos seus pratos típicos como acarajé, vatapá e moqueca.

A feijoada é considerado o prato nacional do Brasil. É basicamente a mistura de feijões pretos e carne de porco. Começou, certamente, quando escravos negros tentaram reproduzir pratos típicos da culinária portuguesa da região do Porto que misturavam feijão branco com carne de porco. Os escravos negros modificaram a receita, pois só tinham acesso a feijões pretos, às partes rejeitadas do porco que eram salgadas (pés, rabos, orelhas) e à carne-seca. A feijoada é acompanhada pela farofa, prato a base de farinha de mandioca, com origem indígena.


Capoeira

Um passo de Capoeira
Um passo de Capoeira

Capoeira é uma arte marcial criada por escravos negros no Brasil durante o período colonial. Conta-se que os escravos diziam aos senhores que era apenas uma dança e, então, o treino era permitido. Assim, a capoeira é sempre praticada com instrumentos de percussão, música cantada, dança e, em algumas versões, acrobacias.

A capoeira é marcada por movimentos que enganam o oponente, geralmente feitos no solo ou completamente invertidos.

Recentemente, a capoeira tem sido bastante popularizada, sendo até o tema de vários jogos de computador e filmes. Freqüentemente é mencionada na música popular brasileira.



Música e dança

Bloco carnavalesco Olodum na Bahia
Bloco carnavalesco Olodum na Bahia
Bloco carnavalesco de Maracatu no Recife
Bloco carnavalesco de Maracatu no Recife

A música criada pelos afro-brasileiros é uma mistura de influências de toda a África subsaariana com elementos da música portuguesa e, em menor grau, ameríndia, que produziu uma grande variedade de estilos.

A música popular brasileira é fortemente influenciada pelos ritmos africanos. As expressões de música afro-brasileira mais conhecidas são o samba, maracatu, ijexá, coco, jongo, carimbó, lambada e o maxixe.

Como aconteceu em toda parte do continente americano onde houve escravos africanos, a música feita pelos afro-descendentes foi inicialmente desprezada e mantida na marginalidade, até que ganhou notoriedade no início do século XX e se tornou a mais popular nos dias atuais.

Instrumentos afro-brasileiros

FONTE: Wikipédia

Arte Afro-brasileira

Em 1988 rememorou-se o centenário da Abolição. Foi um ano marcado pelo ressurgimento de exposições e publicações dedicadas à importância do segmento negro na formação da cultura brasileira, daí surgindo inúmeras obras sobre a arte afro-brasileira. Mas algumas poucas referências já existentes de então continuam obrigatórias para quem quer compreender essa arte que hoje é chamada de afro-brasileira. São elas que listamos abaixo.

BARATA, Mário. A escultura de origem negra no Brasil. Brasil Arquitetura Contemporânea, n. 9, p. 51-56, 1957.

________. A escultura de origem negra no Brasil. In: ARAÚJO, Emanoel (Coord.). A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo: Tenenge, 1988. p. 183-191. [revisão modificada e ampliada da edição de 1957]

BASTIDE, Roger. The function and significance of negro art in the life of the Brazilian people. In: COLLOQUIUM ON NEGRO ART, 1966, Dakar. Function and significance of African negro art in the life of the people and for the people. Paris: Présence Africaine, 1968. p. 397-413.

BRAZIL, Étienne. O fetichismo dos negros no Brazil. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, t.LXXIV, parte 2, p. 195-260, 1912.

CARNEIRO DA CUNHA, Marianno. Arte afro-brasileira. In: ZANINI, Walter (Ed.). História geral da arte no Brasil, vol. II. São Paulo: Instituto Walter Moreira Salles, 1983[a.1980]. p. 973-1033.

COIMBRA, Sílvia Rodrigues; MARTINS, Flávia; DUARTE, Maria Letícia. No reinado da lua: escultores populares do Nordeste. Rio de Janeiro: Salamandra, 1980.

FROTA, Lélia Coelho. Mitopoética de nove artistas brasileiros: vida, verdade e obra. Rio de Janeiro, FUNARTE, 1978.

NASCIMENTO, Abdias. African presence in Brazilian art. Journal of African Civilizations, v. 3, n. 1, p. 49-68, 1981.

RAMOS, Arthur. Arte negra no Brasil. Cultura, Brasília, v. 1, n. 2, p. 189-212, 1949.

RODRIGUES, Nina. As línguas e as belas artes nos colonos pretos - Pintura e escultura - Sobrevivências africanas. In: ______. Os Africanos no Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1932. p. 160-171. (Biblioteca Pedagógica Brasileira, 9) [1ª. ed. 1904]

SAIA, Luís. Escultura popular brasileira. São Paulo: Edições Gaveta, 1944.

SILVA, Áurea Pereira da. As artes plásticas: tentativa de bibliografia. In: ARAÚJO, Emanoel (Coord.). A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo: Tenenge, 1988. p. 396-398.

VALLADARES, Clarival do Prado. Agnaldo Manoel dos Santos: origin, revelation and death of a primitive sculptor. Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais, Universidade Federal da Bahia, 1963.

______________. Primitivos, genuínos e arcaicos. In: MOSTRA do Redescobrimento: arte popular = popular arts. São Paulo: Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais: Fundação Bienal de São Paulo, 2000. p. 92-101. [1ª. ed. 1966]

______________. A iconologia africana no Brasil. Revista Brasileira de Cultura, Rio de Janeiro, a. 1, n. 1, p. 37-48[+ pranchas], 1969.

______________. Aspectos da iconografia afro-brasileira. Revista Brasileira de Cultura, Rio de Janeiro, v. 6, n. 23, p. 64-77, 1976.

______________. O negro nas artes plásticas. In: MOSTRA do Redescobrimento: negro de corpo e alma = black in body and soul. São Paulo: Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais: Fundação Bienal de São Paulo, 2000. p. 426-429. [1ª. ed. 1968]

FONTE: Arteafricana

Religião Afro-brasileira

Iniciação

Foto antiga de um ritual de candomblé bantu
Foto antiga de um ritual de candomblé bantu

Nas religiões afro-brasileiras, vários termos são usados para designar iniciação.

Cada uma das religiões tem seus termos próprios, iniciação, feitura, feitura de santo, raspar santo, são mais usados nos terreiros de candomblé, Candomblé de Caboclo, Cabula, Macumba, Omoloko, Tambor de Mina, Xangô do Nordeste, Xambá. Nestes casos o período de iniciação é de no mínimo sete anos, se inserem os rituais de passagem, que indicam os vários procedimentos dentro de um período de reclusão que geralmente é de 21 dias (mas pode variar dependendo da religião), o aprendizado de rezas, cantigas, línguas sagradas, uso das folhas (folhas sagradas), catulagem, raspagem, pintura, imposição do adoxú e apresentação pública, é individual e faz parte dos preceitos de cada pessoa que entra para a religião dos orixás no Batuque usa-se o termo fazer a cabeça ou feitura. No Culto de Ifá e no Culto aos Egungun usam o termo iniciação porém os preceitos são diferentes das outras religiões.

No Candomblé Jeje a iniciação ao culto dos voduns é complexa e longa, pode envolver longas caminhadas a santuários e mercados e períodos de reclusão dentro do convento ou terreiro hunkpame, que podem chegar a durar um ano, onde os neófitos são submetidos a uma dura rotina de danças, preces, aprendizagem de línguas sagradas e votos de segredo e obediência.

A princípio, nessas cerimônias, tem que haver o desprendimento total, na iniciação deve-se morrer para renascer com outro nome para uma nova vida, no candomblé Ketu o Orunkó do Orixá (só dito em público no dia do nome), no Candomblé bantu além do nome do Nkisi (jamais revelado), tem a dijína pelo qual será chamado o iniciado pelo resto da vida.

Quando uma pessoa iniciada morre é feito o deligamento do Egum, Nvumbe na cerimônia fúnebre e no Axexê, conhecido pelos nomes de sirrum e zerim, que varia dependendo do grau iniciático do morto.

Na Umbanda e Quimbanda não incluem os ritos de passagem, nem feitura de santo propriamente dita, uma vez que não incorporam Orixás incorporam os Falangeiros de Orixás, usa-se o termo fazer a cabeça onde pode existir a catulagem e pintura, porém a cabeça não é raspada completamente, e não tem imposição do adoxú. A reclusão nesses casos é de três a sete dias, é feita a instrução esotérica, aprendizado das rezas e pontos riscados e cantados, e é feita a apresentação pública.

Pajelança, Babaçuê, são de origem indigena, porém já adotam algumas influências da Umbanda.

O "Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira" (Cenarab), a Baixada Fluminense tem 3,8 mil terreiros contra apenas 1,2 mil na área de Salvador e do Recôncavo Baiano, informação dada por Jairo Pereira, do Cenarab em 1997.


Crenças

De todas as religiões afro-brasileiras, a mais próxima da Doutrina Espírita é um segmento (linha) da Umbanda denominado de "Umbanda branca", e que não tem nenhuma ligação com o Candomblé, o Xambá, o Xangô do Recife ou o Batuque. Embora popularmente se acredite que estas últimas sejam um tipo de "espiritismo", na realidade trata-se de religiões iniciáticas animistas, que não partilham nenhum dos ensinamentos relacionados com a Doutrina Espírita. Entretanto, outros segmentos da Umbanda podem ter algumas semelhanças com a Doutrina Espírita, mas também com o Candomblé por causa da figura dos Orixás.

No tocante específicamente ao Candomblé, crê-se na sobrevivência da alma após a morte física (os Eguns), e na existência de espíritos ancestrais que, caso divinizados (os Orixás, cultuados coletivamente), não materializam; caso não divinizados (os Egungun), materializam em vestes próprias para estarem em contacto com os seus descendentes (os vivos), cantando, falando, dando conselhos e auxilindo espiritualmente a sua comunidade. Observe-se que o conceito de "materialização" no Candomblé, é diferente do de "incorporação" na Umbanda ou na Doutrina Espírita.

  • Em princípio os Orixás só se apresentam nas festas e obrigações para dançar e serem homenageados. Não dão consulta ao público assistente, mas podem eventualmente falar com membros da família ou da casa para deixar algum recado para o filho. O normal é os Orixás se expressarem através do jogo de Ifá (oráculo).
  • Dependendo da nação ou linha de candomblé, os candomblés tradicionais não fazem a princípio contato com espíritos através da incorporação para consultas, é possível mas não é aceito.
  • Já o candomblé de caboclo tem uma ligação muito forte com caboclos e exus que incorporam para dar consultas, os caboclos são diferentes da Umbanda.
  • E existem os candomblés cujos pais de santo eram da Umbanda e passaram para o candomblé que cultuam paralelamente os Orixás e os guias de Umbanda.

No Candomblé, todo e qualquer espírito deve ser afastado principalmente na hora da iniciação, para não correr o risco de um deles incorporar na pessoa e se passar por orixá, o Iyawo recolhido é monitorado dia e noite, recorrendo-se ao Ifá ou jogo de búzios para detectar a sua presença. A cerimónia só ocorre quando este confirma a ausência de Eguns no ambiente de recolhimento.

Afastam todo e qualquer espírito (egun), ou almas penadas, forças negativas, influências negativas trazidas por pessoas de fora da comunidade. Acredita-se que pessoas trazem consigo boas e más influências, bons e maus acompanhantes (espíritos), através do jogo de Ifá poderá se determinar se essas influências são de nascimento Odu, de destino ou adquiridas de alguma forma.

Os espíritos são cultuados, nas casas de Candomblé, em uma casa em separado, sendo homenageados diariamente uma vez que, como Exú, são considerados protetores da comunidade.

Existem Orixás que já viveram na terra, como Xangô, Oyá, Ogun, Oxossi, viveram e morreram, os que fizeram parte da criação do mundo esses só vieram para criar o mundo e retiraram-se para o Orun, o caso de Obatalá, e outros chamados Orixá funfun (branco).

Os Orixás que são cultuados pela comunidade em árvores como é o caso de Iroko, Apaoká, os orixás individuais de cada pessoa que é uma parte do Orixá em si e são a ligação da pessoa, iniciada com o Orixá divinizado.

Ou seja uma pessoa que é de Xangô, seu orixá individual é uma parte daquele Xangô divinizado com todas as caracteristicas, ou como chamam arquétipo.

Existe muita discussão sobre o assunto: uns dizem que o Orixá pessoal é uma manifestação de dentro para fora, do Eu de cada um ligado ao orixá divinizado, outros dizem ser uma incorporação mas é rejeitada por muitos membros do candomblé, justificam que nem o culto aos Egungun é de incorporação e sim de materialização. Espíritos (Eguns) são despachados (afastados) antes de toda cerimônia ou iniciação do candomblé.


FONTE: Wikipédia

Capoeira

HISTÓRIA

Durante o século XVI, Portugal enviou escravos para a América do Sul, provenientes da África Ocidental. O Brasil foi o maior receptor da migração de escravos, com 42% de todos os escravos enviados através do Atlântico. Os seguintes povos foram os que mais frequentemente eram vendidos no Brasil: grupo sudanês, composto principalmente pelos povos Iorubá e Daomé, o grupo guineo-sudanês dos povos Malesi e Hausa, e o grupo banto (incluindo os kongos, os Kimbundos e os Kasanjes) de Angola, Congo e Moçambique.

Os negros trouxeram consigo para o Novo Mundo as suas tradições culturais e religião. A homogeneização dos povos africanos sob a opressão da escravatura foi o catalisador da capoeira. A capoeira foi desenvolvida pelos escravos do Brasil como forma de resistir aos seus opressores, praticar em segredo a sua arte, transmitir a sua cultura e melhorar o seu moral. Há registros da prática da capoeira nos séculos XVIII e XIX nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro, e Recife, porém durante anos a capoeira foi considerada subversiva, sua prática era proibida e duramente reprimida. Devido a essa repressão, a capoeira praticamente se extinguiu no Rio de Janeiro, onde os grupos de capoeiristas eram conhecidos como maltas, e em Recife, onde segundo alguns a capoeira deu origem à dança do frevo, conhecida como o passo.

Em 1932, Mestre Bimba fundou a primeira academia de capoeira do Brasil em Salvador. Mestre Bimba acrescentou movimentos de artes marciais e desenvolveu um treinamento sistemático para a capoeira, estilo que passou a ser conhecido como Regional. Em contraponto, Mestre Pastinha pregava a tradição da capoeira com um jogo matreiro, de disfarce e ludibriação, estilo que passou a ser conhecido como Angola. Da dedicação desses dois grandes mestres, a capoeira deixou de ser marginalizada, e se espalhou da Bahia para todos os estados brasileiros.

No vídeo de B. M. Farias "Relíquias da Capoeira - Depoimento do Mestre Bimba", o próprio Manuel dos Reis Machado, criador da capoeira de regional, comenta sobre os motivos que o fizeram se mudar para Goiânia.Depois, em uma reunião de especialistas em capoeira no Rio de Janeiro, entendidos explicam mais sobre o nome do esporte, sobre a criação da capoeira de Angola e falam mais sobre esse lendário personagem chamado Mestre Bimba.


Música

Os berimbaus que regem a capoeira
Os berimbaus que regem a capoeira

A música é um componente fundamental da capoeira. Ela determina o ritmo e o estilo do jogo que é jogado durante a roda de capoeira. A música é composta de instrumentos e de canções, podendo o ritmo variar de acordo com o Toque de Capoeira de bem lento (Angola) a bastante acelerado (São Bento Grande). Muitas canções são na forma de pequenas estrofes intercaladas por um refrão, enquanto outras vêm na forma de longas narrativas (ladainhas). As canções de capoeira têm assuntos dos mais variados. Algumas canções são sobre histórias de capoeiristas famosos, outras podem falar do cotidiano de uma lavadeira. Algumas canções são sobre o que está acontecendo na roda de capoeira, outras sobre a vida ou um amor perdido, e outras ainda são alegres e falam de coisas tolas, cantadas apenas para se divertir. Os capoeiristas mudam o estilo das canções freqüentemente de acordo com o ritmo do berimbau. Desta maneira, é na verdade a música que comanda a capoeira, e não só no ritmo mas também no conteúdo. O toque Cavalaria era usado para avisar os integrantes da roda que a polícia estava chegando; por sua vez, a letra é constantemente usada para passar mensagens para um dos capoeiristas, na maioria das vezes de maneira velada e sutil.

Os instrumentos são tocados numa linha chamada bateria. O principal instrumento é o berimbau , que é feito de um bastão de madeira envergado por um cabo de aço em forma de arco e uma cabaça usada como caixa de reverberação. O berimbau varia de afinação, podendo ser o Berimbau Gunga (mais grave), Médio (médio) e viola (mais agudo). Os outros instrumentos são: pandeiro, atabaque, caxixi e com menos freqüência o ganzá e o agogô.


Sistema oficial de graduação da CBC

Os cordeis para graduação podem variar de acordo com o grupo de capoeirista.[2]

A- Graduação Infantil (3 a 12 anos)
  • 1º estágio - iniciante: sem corda ou sem cordão
  • 2º estágio - batizado: cinza claro/verde
  • 3º estágio - graduado: cinza claro/amarelo
  • 4º estágio - graduado: cinza claro / azul
  • 5º estágio - intermediário: cinza claro/verde/ amarelo
  • 6º estágio - adiantado: cinza claro / verde / azul
  • 7º estágio - estagiário: cinza claro / amarelo / azul
B- Graduação normal (a partir de 13 anos)
  • 1º estágio - iniciante: sem corda ou cordão
  • 2º estágio - batizado: verde
  • 3º estágio – graduado: amarelo
  • 4º estágio – graduado: azul
  • 5º estágio – intermediário: verde e amarelo
  • 6º estágio – adiantado: verde e azul
  • 7º estágio – estagiário: amarelo e azul
C- Docente de capoeira
  • 8º estágio - Formado: verde, amarelo, azul e branco
  • 9º estágio - Monitor: verde e branco
  • 10º estágio - Instrutor: amarelo e branco
  • 11º estágio - Contra-mestre: azul e branco
  • 12º estágio - Mestre: branco

Repressão

Decretado por marechal Deodoro da Fonseca o Decreto Lei 487 dizia que: A partir de 11 de Outubro de 1890 todo capoeira pego em flagrante seria desterrado para a Ilha de Fernando de Noronha por um período de dois a seis meses de prisão. Parágrafo único: É considerada circunstância agravante pertencer o capoeira, a alguma banda ou malta, aos chefes impor-se-á a pena em dobro.

Os capoeiristas costumavam usar calças boca de sino e no período em que a capoeira ficou proibida por lei (1890-1937) a polícia, para detectar os capoeiristas, colocava um limão dentro das calças do indivíduo. Se o limão saísse pela boca das calças, a pessoa era considerada capoeirista.

Em 1824, os escravos que fossem pegos praticando capoeira recebiam trezentas chibatadas e eram enviados para a Ilha das Cobras para realizar trabalhos forçados durante três meses.

3 de agosto - Dia do capoeirista

Uma lei estadual de São Paulo de 1985 instituiu o Dia do Capoeirista


FONTE: Wikipédia

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

TRABALHO DE PORTUGUÊS " ORAÇÃO"

Sujeito Simples: Thomas comprou um tênis.

Sujeito Composto: Thomas e Leonardo comemoraram o gol-contra de Clemer.

Sujeito Oculto: Vou á escola todos dias.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Alimentos Orgânicos

Os alimentos orgânicos são melhores para a nossa saúde? Embora alguns estudos mostrem que o principal motivo dos consumidores na aquisição de alimentos orgânicos seja a questão da saúde pessoal e da família, a falta de estudos epidemiológicos relacionando o consumo de produtos orgânicos com a saúde humana faz com que, cientificamente, está questão ainda seja difícil de ser respondida.

O objetivo do artigo não é polemizar sobre o tema, mas mostrar que a qualidade de um alimento precisa ser analisada sob diferentes aspectos que possam dar indicativos da melhor escolha para os consumidores.

Qualidade: Um conceito amplo

Para o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, numa escala de valores, a qualidade permite avaliar e, conseqüentemente, aprovar, aceitar ou recusar determinado tipo de produto. Neste artigo a palavra “qualidade” agrupa um certo número de aspectos importantes para um entendimento global ou sistêmico do processo. Analisar e comparar a qualidade nesta perspectiva é uma tarefa complexa, porém permite uma maior probabilidade de acerto na escolha de um alimento mais adequado à saúde humana.

Neste sentido, procuraremos analisar os alimentos considerando aspectos referentes à saúde humana, à qualidade agronômica, organoléptica, nutricional, sanitária e ambiental, avaliando níveis de resíduos de agrotóxicos, irradiação de produtos, entre outros.

Saúde: um estado de equilíbrio

Desde que abandonou a vida primitiva, o homem vem modificando intensamente o ambiente em que vive. Nesse processo houve alteração de hábitos alimentares pela introdução de substâncias tóxicas, alimentos excessivamente processados, irradiados, geneticamente alterados, além de consumo exagerado de gorduras, açúcares e sódio (Tabela 1). Tudo com a finalidade de melhorar a aparência, o sabor e, sobretudo, a capacidade de conservação dos alimentos. Segundo PRETTI (2000), foram mudanças realizadas paulatinamente, porém sem a consciência de que tais atitudes poderiam ser nocivas à saúde.

TABELA 1 – PADRÃO DIETÉTICO DO HOMEM PRIMITIVO COMPARADO AO HOMEM MODERNO.

HOMEM PRIMITIVO

HOMEM MODERNO

Alimentos integrais

Excesso de alimentos refinados

Alimentos ricos em fibras

Alimentos pobres em fibras

Alimentos ricos em nutrientes

Alimentos empobrecidos em nutrientes

Alimentos ricos em energia vital

Alimentos pobres em energia vital

Alimentos consumidos crus

Alimentos na maioria processados pelo calor

Menor teor de gordura saturada

Alto teor de gordura saturada

Ausência da adição de açúcar e sódio

Excesso de açúcar e sódio

Ausência de fermentos e antibióticos

Excesso de fermentos e antibióticos

Ausência de agrotóxicos e aditivos químicos

Excesso de agrotóxicos e aditivos químicos

FONTE: PRETTI (2000)

Em verdade, a alimentação moderna tem conduzido não apenas a um desastre na saúde humana, mas também a uma série de problemas ambientais. Hipócrates já dizia que “as doenças atacam as pessoas não como um raio em céu azul, mas são conseqüências de contínuos erros contra a natureza”. Algumas formas de Medicina Alternativa e a milenar Medicina Chinesa consideram a saúde como um estado de equilíbrio. De acordo com PRETTI (2000) um organismo, quando em equilíbrio, dificilmente adoece e, quando adoece, recupera-se com mais facilidade. Se a carência é nociva, o excesso também o é. Portanto, o princípio do equilíbrio, fundamento básico da Medicina Ortomolecular, deve ser resgatado. Uma alimentação de qualidade não só previne, como é um poderoso recurso terapêutico. Portanto, qualquer proposta terapêutica deve considerar o homem, seu ambiente, seus hábitos e sua qualidade alimentar.

A busca da qualidade alimentar está se tornando uma das principais preocupações dos consumidores conscientes. Atualmente, as motivações para o consumo de alimentos orgânicos variam em função do país, da cultura e dos produtos que se analisa. Todavia, observando países como Alemanha e Inglaterra (WOODWARD & MEIER-PLOEGER, 1999), Austrália (PEARSON,1999), Estados Unidos (HENDERSON, 1999), França (SYLVANDER, 1998), Dinamarca e Noruega (DUBGAARD & HOLST, 1994; SOGN et. al., 2002), Polônia (ZAKOWSKA-BIEMANS, 2002) e Costa Rica (AGUIRRE & TUMLTY, 2002) percebe-se que existe uma tendência de o consumidor orgânico privilegiar, em primeiro lugar, aspectos relacionados à saúde e sua ligação com os alimentos, em seguida ao meio ambiente e, por último, à questão do sabor e frescor dos alimentos orgânicos.

No Brasil, a principal motivação para compra de alimentos orgânicos também está ligada à preocupação com a saúde. Uma pesquisa encomendada pelo SEBRAE-PR e realizada pelo DATACENSO (2002) nos estados do Sul e Sudeste do Brasil mostrou que os principais motivos que levaram a consumir os alimentos orgânicos foram: em 1o lugar e 2o lugar, faz bem a saúde/saudável; em 3o lugar, sem agrotóxicos, em 4o lugar, mais sabor; e em 5o lugar, natural e qualidade do produto. Segundo a mesma pesquisa, hoje, quem consome os alimentos orgânicos são adultos e idosos pertencentes às classes sociais A e B.

É importante destacar que o desafio de levar o alimento orgânico para as outras camadas da população não está relacionado apenas aos aspectos técnicos (produção em quantidade, qualidade, regularidade e diversidade) e econômicos (preços competitivos aos produtos convencionais), mas também aos aspectos políticos e sociais.

QUALIDADE AGRONÔMICA

O modelo convencional de agricultura já mostrou ser insustentável para o meio ambiente, para os agricultores e consumidores. Problemas de erosão, baixa produtividade das terras e culturas, doenças como vaca-louca, febre aftosa e contaminação por dioxina fizeram com que a opinião pública prestasse mais atenção para onde caminha nossa alimentação.

Vários estudos têm mostrado que os agricultores orgânicos que seguem um enfoque agroecológico conseguem resultados satisfatórios em vários aspectos ligados à sustentabilidade (DAROLT, 2002). O selo de qualidade orgânico é um indicativo de que os alimentos foram produzidos e processados de acordo com as normas orgânicas, o que significa um adicional em termos de qualidade agronômica quando comparado ao alimento convencional.

QUALIDADE ORGANOLÉPTICA

Vários fatores podem influenciar no sabor e aroma de um produto agrícola como, por exemplo, a variedade utilizada, o tipo de solo e clima, o ano climático e o modo de produção (orgânico ou convencional). No tocante à qualidade alimentar foram encontrados poucos estudos de longo prazo que mantiveram controladas as variáveis supracitadas. WEIBEL et. al. (1998) em estudo com bom controle de variáveis externas realizado na Suíça, compararam maçãs da cultivar “Golden Delicious” e avaliaram parâmetros de qualidade física e química. Os resultados mostraram que para a maioria das variáveis analisadas houve similaridade entre os sistemas orgânico e convencional, sobretudo em relação à qualidade visual do produto. Entretanto, os autores destacam que as frutas orgânicas apresentaram significativamente valores mais favoráveis para alguns aspectos: 31,9% mais fósforo nas frutas frescas; 14,1% mais firmes (tempo de armazenamento 12% superior); 8,5% mais fibras; 18,6% mais compostos fenólicos (maior proteção natural ao organismo); 15,4% superior num teste de qualidade que avalia sabor e aroma, firmeza da polpa e casca; quantidade de suco e conteúdo de açúcar. Por outro lado, os autores não constataram diferenças significativas entre maçãs orgânicas e convencionais para os teores de vitaminas.

De forma geral, os estudos comparativos que focam a qualidade organoléptica estão ainda em estágio inicial e mostram resultados variáveis, o que não nos permite afirmar - neste momento – que existam diferenças estatisticamente significativas entre o sabor e aroma de produtos orgânicos e convencionais.

QUALIDADE NUTRICIONAL

A maioria dos estudos sobre a qualidade nutricional de alimentos orgânicos e convencionais faz comparativos de teores de nutrientes e outros elementos entre os dois sistemas, entretanto são praticamente inexistentes os estudos de cunho epidemiológico que fazem uma associação com a saúde humana.

A comparação é difícil de ser realizada quando pensamos no ser humano, pois os hábitos de consumo e estilos de vida de consumidores orgânicos e convencionais também são diferenciados. Provavelmente, consumidores orgânicos que apresentam hábitos de vida mais saudáveis (DAROLT, 2002; CERVEIRA & CASTRO, 1999) – de forma geral – teriam uma saúde mais equilibrada. Numa visão sistêmica ou mais ampliada desta questão, poderíamos dizer que os benefícios dos alimentos orgânicos podem não estar diretamente associados à questão nutricional em si, mas a mudança de hábitos alimentares e estilo de vida desse tipo de consumidor, que é sabidamente mais informado.

Segundo WILLIAMS (2002) um número limitado de estudos, com bom controle de variáveis, comparou as composições de nutrientes produzidos organicamente e convencionalmente e um número ainda menor pesquisou produtos de origem animal. Na tabela 2 foram compilados quantitativamente os principais estudos comparativos em termos nutricionais. O que se observa, de forma geral, é uma tendência na redução do teor de nitratos e aumento no teor de vitamina C em alimentos produzidos organicamente. Para os demais nutrientes, os estudos ainda não são conclusivos. No caso da produção animal, apesar de poucos estudos, o que parece se confirmar é o fato de que uma alimentação orgânica traz benefícios para saúde animal refletindo-se, sobretudo, na área reprodutiva. Esta constatação também foi observada por KOUBA (2002), que revisando alguns trabalhos, basicamente da Europa, observou ainda que os produtos animais de origem orgânica apresentam menor quantidade de resíduos de agrotóxicos, medicamentos e antibióticos.

NUTRIENTE

AUMENTO EM ORGÂNICOS

IGUAL

DECRÉSCIMO EM ORGÂNICOS

Proteína (qualidade)

3

0

0

Nitratos

5

10

25

Vitamina C

21

12

3

β -caroteno

5

5

3

Vitamina B

2

12

2

Cálcio (ca)

21

20

6

Magnésio (Mg)

17

24

4

Ferro (Fe)

15

14

6

Zinco (Zn)

4

9

3

FONTE: WILLIAMS (2002) - NOTA: Os valores são referentes ao número de estudos encontrados na literatura que mostram que houve um aumento, decréscimo ou valor semelhante para os nutrientes pesquisados, quando comparados ao sistema convencional.

Outro estudo de BOURN & PRESCOTT (2002) confirma que, com a possível exceção do conteúdo de nitrato e do teor de matéria seca mais elevado, não há nenhuma evidência forte que alimentos orgânicos e convencionais diferem significativamente em concentrações para a maioria dos nutrientes pesquisados.

Em trabalho preparado para a Soil Association, instituição de pesquisa da Inglaterra, a nutricionista inglesa Shane Heaton, revisou cerca de 400 trabalhos científicos e observou – de forma geral – efeitos positivos da alimentação orgânica para a saúde humana. Todavia, segundo ADAM (2001), este estudo não permitiu uma unanimidade científica sobre a questão, pois alguns nutricionistas ainda permanecem céticos, pelo grande número de variáveis que poderiam influenciar na análise.

No que concerne às substâncias que poderiam ter uma função de proteção à saúde, como é o caso dos compostos fenólicos, segundo DUCASSE-COURNAC et. al. (2001) e REN et. al. (2001), a maioria dos estudos realizados mostra um teor mais elevado em alimentos orgânicos. Todavia, os próprios autores confirmam que é preciso mais pesquisa para validar esta afirmação.

Em verdade, os parâmetros para determinação da qualidade nutricional são multifatoriais, por isso condições de solo, clima, variabilidade genética mesmo dentro de uma mesma variedade, poderiam mostrar diferenças significativas entre o modo de produção convencional e o orgânico.

Percebe-se que os estudos concernentes aos teores de elementos nutritivos (vitaminas, minerais, etc.) ainda são pouco conclusivos. Enquanto alguns mostram superioridade dos orgânicos, outros mostram que não existe diferença. Por outro lado, temos que destacar que, praticamente, não foram encontrados estudos que mostram que o alimento convencional é superior ao orgânico.

QUALIDADE SANITÁRIA

No que concerne a qualidade sanitária é importante destacar pelo menos três pontos entre os dois sistemas: a contaminação microbiana e parasitária; o teor de nitratos e os resíduos de agrotóxicos.

Contaminação Microbiana e Parasitária

Talvez um dos pontos mais questionado pelos críticos da agricultura orgânica seja a contaminação causada pelo uso intensivo de dejetos de animais no sistema orgânico. Primeiramente, devemos lembrar que o uso de esterco também é comum em sistemas convencionais. É fato que os dejetos de animais mal tratados podem ser uma fonte de contaminação dos produtos e do solo, tanto no sistema orgânico como no convencional. Portanto, a utilização desses insumos naturais e as técnicas para reduzir o risco de contaminação devem ser efetivamente colocadas em prática nos dois sistemas.

A maioria das pesquisas nesta área tem sido desenvolvida para mostrar o tempo de sobrevivência de agentes patogênicos nos dejetos animais, o modo de disseminação no campo, assim como os tratamentos utilizados para diminuir ou eliminar completamente esses agentes. Segundo KOUBA (2002) certos agentes patogênicos, como o vírus da hepatite A, tem uma resistência térmica mais alta que outros microorganismos. Assim, conforme recomendam as técnicas de agricultura orgânica, um processo de compostagem bem feito é imprescindível para diminuir o risco de contaminação.

Para BOURN e PRESCOTT (2002), que revisaram vários trabalhos sobre esta temática, não há nenhuma evidência que alimentos orgânicos possam ser mais suscetíveis a contaminação microbiológica que alimentos convencionais.

KOUBA (2002) revisando trabalhos que fizeram comparativos entre produtos animais orgânicos e convencionais, mostrou que mesmo aparecendo um número maior de parasitas em condições de sistema orgânico, esses não são transmitidos ao homem. O mesmo autor constatou que a possibilidade de aparecimento da bactéria E. coli, que pode causar contaminação humana por meio da carne contaminada, é mais baixa em sistemas orgânicos, pois os animais se alimentam basicamente de forragem. A explicação se dá pelo fato de que na alimentação a base de grãos, característico de sistemas convencionais intensivos, o risco de infecção dos animais seria maior. O mesmo autor constatou ainda que no caso do leite também não houve diferenças de contaminação microbiana entre sistema orgânico e convencional.

As micotoxinas são toxinas produzidas por certos bolores que podem se desenvolver em alimentos. A primeira vista, pelo fato de ser interditado o uso de fungicidas sintéticos no sistema orgânico, poderia haver uma maior possibilidade de contaminação. Todavia, de acordo com KOUBA (2002), os estudos realizados até o momento não permitem afirmar que em agricultura orgânica esta contaminação seja maior. É importante sublinhar que nos dois sistemas (orgânico e convencional) o uso de boas práticas culturais e de estocagem dos alimentos permite reduzir o risco de contaminação com micotoxinas.

Teor de Nitrato

O aumento rápido do teor de nitrato nas plantas é a conseqüência mais conhecida do crescente aporte de adubos químicos nitrogenados, utilizados na agricultura convencional, para aumentar rapidamente a produtividade de hortaliças de folhas como a alface, couve, agrião, chicória etc. Porém, o uso excessivo deste fertilizante associado à irrigação freqüente, faz com que ocorra acúmulo de nitrato (NO3-) e nitrito (NO2-) nos tecidos de plantas. Outros elementos que contribuem para o acúmulo de nitrato estão relacionados ao ambiente, fatores genéticos e ao manejo utilizado. Sabe-se, por exemplo, que o nitrato acumula mais em baixa luminosidade (dias nublados e curtos, no período de inverno, em locais sombreados e pela manhã). Os fatores genéticos são responsáveis pelas variações entre espécies e cultivares expostas à mesma condição de cultivo. Por último, o sistema de manejo (orgânico, convencional e hidropônico) pode causar alterações nos teores de nitrato na planta.

O nitrato ingerido passa à corrente sanguínea podendo, então, reduzir-se a nitritos. Estes sim são venenosos, muito mais que os nitratos. Tornam-se mais perigosos quando combinados com aminas, formando as nitrosaminas, substâncias potencialmente carcinogênicas. Tal reação pode realizar-se especialmente em meio ácido do suco gástrico, ou seja, no estômago. Desta forma, o monitoramento destas substâncias é essencial para garantir a qualidade dos alimentos consumidos pela população.

Os resultados de uma pesquisa conduzida por pesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná/IAPAR (MIYAZAWA et. al., 2001) - comparando o sistema orgânico (uso de compostos orgânicos e estercos de bovino, como fonte de N), convencional (Uso de Uréia, NO3- , NH4+, cama de aviário como fonte de N) e hidropônico (estando o N na forma de NO3- e NH4+, fornecido em solução nutritiva) - mostraram que o teor de nitrato nas folhas de alface variaram entre 250 a 11.600 mg/kg, sendo que as folhas com menor concentração de nitrato foram aquelas cultivadas em sistema de produção orgânico.

Os resultados, apresentados na figura 1, mostram que cerca de metade das amostras de alface cultivadas em sistema orgânico apresentou concentração de nitrato menor que 1.000 mg/kg e apenas 25% das amostras apresentaram teor superior a 3.000 mg/kg. Por outro lado, as plantas cultivadas em sistema hidropônico apresentaram um teor de nitrato mais elevado, sendo que 70% das amostras tinham entre 6.000 e 12.000 mg/kg e apenas 3% das amostras tinham teor inferior a 3.000 mg/kg. Quanto ao teor de nitrato nas alfaces cultivadas em sistema convencional observou-se um nível intermediário entre cultivo orgânico e hidropônico. Os autores concluíram que a ordem do teor de nitrato nas folhas de alface varia da seguinte forma: orgânico <>

FIGURA 1- FREQÜÊNCIA DE CONCENTRAÇÃO DE NITRATO (N-NO3 - ) NAS FOLHAS DE ALFACE SEGUNDO DIFERENTES MÉTODOS DE CULTIVO. VALORES EM 103 mg/kg, BASE SECA.

(1994) do Instituto Pasteur de Lille, na França, fez uma síntese de vários trabalhos e os resultados apontam para reduções de nitratos de 69 a 93% para vários legumes cultivados organicamente. Resultados semelhantes foram obtidos em outros países como Áustria, Holanda, Suíça e Alemanha, para cultivos de espinafre, cenoura e alfaces.

Apesar de alguns cientistas defenderem que os teores de nitrato em plantas cultivadas no sistema convencional e hidropônico, ainda permanecem dentro do limite permitido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é preciso orientação mais adequada aos produtores sobre o manejo do nitrogênio, sobretudo, em sistemas hidropônicos, além de informação aos consumidores de como os alimentos são produzidos em cada sistema, permitindo uma escolha de produtos mais saudáveis.


FONTE: Planeta Orgânico